Chefes jovens: o momento em que o talento substitui a experiência

	Paula Reite 29/10/2004 "Para ser promovido é preciso ter objetivo, traçar uma meta...É importante ter em mente seus objetivos de curto, médio e longo prazo e fazer o que for necessário para atingi-los. Acho interessante a frase: não há ventos favoráveis para quem não sabe onde quer chegar". (André Avelino, de 32 anos, Engenheiro mecânico)
D. Pedro II foi proclamado imperador do Brasil aos 15 anos de idade. Meses antes de ser coroado, em meio à confusão em que se encontrava o país por causa da Revolução da Maioridade, o adolescente foi questionado por uma delegação parlamentar se queria assumir logo o trono ou preferia aguardar mais três anos a fim de completar sua maioridade legal, aos 18 anos. O jovem Pedro II respondeu prontamente: "Quero já!". E assim foi feito. Independente do rumo que o país tomou durante os 48 anos do império de D. Pedro II, este exemplo antecipou em algumas centenas de anos uma realidade que vem se tornando cada vez mais comum no mercado de trabalho brasileiro: pessoas que assumem funções de chefia muito jovens e passam a ter por responsabilidade o comando de profissionais experientes. Como agir nesta situação? Como ter certeza se você, ainda tão jovem, já está preparado para assumir o comando de uma equipe e passar a dar ordens a outras pessoas com idades, muitas vezes, superiores a sua? E se mesmo bem preparado e seguro, sua equipe não gostar de você e resolver boicotar suas ordens? Jovens devem criar metas para o futuro de suas carreiras:  Muitas são as dúvidas daqueles que assumem funções de comando muito cedo mas, na maioria das vezes, ser chefe é muito mais fácil do que se pensa. Nelson Curto tinha apenas 18 anos quando começou a trabalhar na TeleSoluções Telemarketing, em 2000, e bastou um ano para que ele fosse promovido da função de operador à supervisor de telemarketing. "Quando me deparei com várias pessoas me olhando e eu tendo que comandar todas elas, fiquei um pouco assustado. Logo me passou pela cabeça: será que atenderei às necessidades de cada uma? Será que elas gostarão de mim? Como será o nosso relacionamento? E o grau de confiança? Até onde devo ir? Me fiz um monte de perguntas, mas confiei em mim, no meu potencial", afirmou ele. Mesmo sem querer, Nelson Curto, que desde 2002 atua como gerente de operações da TeleSoluções, dá a dica: confie em seu potencial. Ser promovido é um reconhecimento de um bom trabalho feito por você. E se essa promoção é para um posto de comando de equipe, apesar de maior a responsabilidade, maior também é a confiança depositada em você. E para ser promovido é preciso ter objetivo, traçar uma meta. Esse foi o caminho escolhido pelo engenheiro mecânico André Avelino, de 32 anos, que desde o ano passado assumiu a Gerência de Engenharia e Manutenção da Farmoquímica. "Não existe receita de sucesso. Acredito em trabalho, determinação, conhecer seus limites e lutar para superá-los. É importante ter em mente seus objetivos de curto, médio e longo prazo e fazer o que for necessário para atingi-los. Acho interessante a frase: não há ventos favoráveis para quem não sabe onde quer chegar", ressalta ele. Ter uma equipe em que se pode confiar é importante: Duas das grandes dificuldades quando se é chefe é liderar sem ordenar e saber delegar funções. De acordo com o engenheiro André Avelino, estar no comando de uma equipe exige determinação e sacrifícios. "Liderar é sempre difícil, mas também é uma tarefa prazerosa, onde você tem a oportunidade de identificar e desenvolver novos talentos e aperfeiçoar o espírito de equipe." No início, quando tudo é novidade, é importante ouvir conselhos de pessoas mais experientes e tentar aprender com eles. Mas um bom líder também é aquele que tem um estilo próprio, que busca seus próprios caminhos", destaca André. Aprender a delegar funções também é fundamental. Caso contrário, todo seu trabalho poderá ficar comprometido. "No início, senti muito orgulho e o peso da responsabilidade de ter pessoas dependendo do meu comando para desenvolver suas tarefas diárias. Tive uma tendência inicial a ser centralizador, mas aos poucos vi que se não delegasse a operação e migrasse naturalmente para o controle e a orientação da equipe, as coisas não iriam funcionar na velocidade adeqüada", comenta o engenheiro de produção Marcelo dos Santos Amado, de 31 anos. Marcelo Amado atua como coordenador de Captação, Processamento e Remuneração de Vendas da Claro desde 2000, quando ainda tinha 27 anos. "Aprender a delegar é um aspecto difícil. Um ex-gerente meu costuma dizer que a qualidade mais importante que um gestor pode ter é saber escolher seus subordinados. Talvez não seja a mais importante, mas sem dúvida é fundamental. Se você não tiver uma equipe na qual pode confiar, seus resultados e sua imagem ficam comprometidos", completa ele. É preciso ter confiança e valorizar seu trabalho: Na verdade, o medo e a insegurança são normais quando se assume uma função de comando, sendo você jovem ou mais experiente, porém deve-se levar em conta que nenhuma empresa está disposta a colocar a qualidade de seus serviços e mesmo seu dinheiro em jogo à toa. Portanto, se você foi promovido, isso é uma prova de que as pessoas confiam em seu talento e potencial. E se todos confiam em você, é preciso se valorizar também. "Atribuo minha posição hoje somente ao meu trabalho. Sou responsável e competente. Sempre realizei o meu trabalho visando o meu crescimento e o crescimento da empresa da qual eu trabalho. Pensamento no amanhã é fundamental para uma carreira de sucesso", aconselha o gerente de telemarketing, Nelson Curto. Em resumo, as dicas para os jovens que se vêem, prematuramente, no comando de um equipe são assumir a responsabilidade sem excesso de insegurança ou de medo, sabendo delegar funções e ouvir opinião de todos. "Pequenas doses de insegurança e medo são saudáveis. Te ajudam a ficar sempre alerta, antenado. Quando você tem segurança total e irrestrita, tende a ficar mais vulnerável a surpresas, não sabendo lidar com elas", adverte o coordenador de Captação, Processamento e Remuneração de Vendas da Claro, Marcelo Amado. Para finalizar, o gerente de Engenharia e Manutenção da Farmoquímica, André Avelino, aconselha. "É preciso buscar ter a certeza de apontar a lanterna na direção certa. Um líder, diferente de um chefe, é aquele que vai na frente, apontando o caminho e esperando que sua equipe o siga", conclui André. Fonte: www.folhadirigida.com.br